União Cultural Negra de Botucatu
Mário
César e dr. Guedes
Mais ou menos
na metade os anos 70, por vários motivos, a Sociedade Recreativa Luiz
Gama deixou de atuar. Na verdade, aquela tradicional instituição estava
se esgotando, como proposta de organização. O longo tempo dedicado,
exclusivamente, à atividade recreativa, onde imperavam os bailes de
todos os sábados, acabou por esvaziar a entidade, tirando sua força.
Daquela forma ela, a entidade, não atraia as novas gerações de
descendentes negros, que vinham surgindo, com inquietações e interesses
voltados para questionar as velhas formas que a sociedade brasileira
vinha mantendo no tratamento das questões próprias à comunidade negra e
dentro dela, em particular, à mulher negra.
Então, quando
já passavam dois ou três anos de total inexistência de um centro de
referência para a comunidade, um grupo de homens, preocupados com a
questão, reuniu-se para formar a União Cultural Negra de Botucatu.
No princípio
de tudo estava uma idéia do Mário Cesar, que queria montar uma
"Associação dos Homens de Cor de Botucatu", como ele dizia. Procurou
diversos deles e, juntos, marcaram uma primeira reunião, a ser feita no
antigo Esporte Clube Centenário, cedido pelo Wenceslau Pinto, seu
presidente. E lá estavam no primeiro dia para assinar a ata de
fundação: Mário Cesar, Dr. Eduardo Guedes Cassimiro, Mauro José dos
Santos (Maurinho) , Reinaldo José dos Santos, Antonio Benvindo, José
Maria Moreira Leite, José Carlos Fortes, José da Silva (Baltazar),
Mauro Pena, Souzinha, Onofre Dionísio, Ademar Araújo, Silvio Geraldo
dos Santos (Dindo) e o Nelson de Oliveira.
Kátia Almeida
A reunião
tateou pelos rumos, parecendo buscar as respostas para as perguntas que
a comunidade vinha fazendo. Que tipo de entidade queriam fundar? A
conclusão apontou pelo rumo seguinte: queriam uma entidade que buscasse
resgatar os valores da comunidade negra local, estimulando a
preservação dos costumes, das tradições, enfim, da cultura negra e sua
expressão no solo da Serra.
Deu certo. A
União Cultural Negra de Botucatu começou, a partir daquele 20 de
setembro de 1978, a estimular as novas gerações (cheias de
questionamentos) e buscar seu apoio para expandir, trazendo de volta
velhas lideranças.
Depois disso
a União Cultura Negra de Botucatu promoveu diversos encontros de
expressão estadual, com lideranças negras comunitárias. Um deles, de
real importância para o Estado, foi realizado no Centro Educacional da
Cesp, aqui em Botucatu. Ou então, participou de vários encontros em
outros Estados brasileiros. Ou ainda, atuou sempre nos famosos FECONEZU
(Festival Comunitário Negro Zumbi), realizado a cada ano num Município
do Estado de São Paulo.
Ultimamente,
a velha guarda‘, sentindo que já era o momento, resolveu lançar um
desafio às novas gerações de lideranças e entregou a elas a direção da
União, hoje sob a presidência de Katia Almeida.
Quando, em 1983, a UCNB comemorou seu
aniversário, o seu presidente à época, Reinaldo José dos Santos,
falava, no editorial do jornal "A Carapinha": "Decorridos quatro anos
de atividades e existência, a UCNB consolidou sua presença no cenário
sócio-cultural-desportivo e recreativo de nossa cidade, com a
realização de inúmeros eventos de destaque, a saber: Baile das
Debutantes Negras, Concurso Miss Afro-Brasileira, Concursos Literários,
Salão de Artes, Sessões Lítero-musicais, Festas de Congraçamento,
Comemorações de Datas Significativas, Homenagens a personalidade e
participação em outros: Feira das Nações (promovida pela UNIFAC),
Torneio de Basquete (promovido pela AAB), Feira de artes, encontros
comunitários, seminários e congresso, etc..." Atualmente, Reinaldo José
dos Santos, empenha-se em levantar a árvore genealógica das famílias
negras de Botucatu, juntamente com José Maria Moreira Leite e a
ex-advogada da Fepasa, dra.Orlanda, membros atuantes, também, da UCNB.