A exposição do século

    

Equipe que organizou as exposições de 1948 e 1955. Em pé: Abilinho de Almeida Junior, Kurt Corda e Albertino Iasi. Sentados: Eng. Walter Wagner, Paulo Roriz, Dr. Benedito Canto e Dr. Edmundo de Oliveira.

   

Quando Botucatu comemorou seus 100 anos, foi preparada uma exposição filatélica que ficou na história da cidade, pela sua grandiosidade e organização. À sua frente estavam o dr. Walter Wagner – diretor do Departamento Filatélico do Centro Cultural de Botucatu, o mesmo CCB de hoje e também seu presidente o dr. Benedito Nóbrega do Canto, médico hoje falecido. Foram vinte e seis expositores, de todo o Brasil, alguns dos quais vindos pela primeira vez a Botucatu. Nos altos do então Cine Paratodos (o atual Teatro Municipal), que abrigava a sede do Grêmio Cinematográfico, os estandes foram distribuídos ao longo do salão e no dia da inauguração lá compareceram expositores, parentes e todas as autoridades.

 

Os selos comemorativos

 

Os Correios e Telégrafos, que mantinham uma de suas regionais aqui em Botucatu, emitiram dois selos comemorativos, dos quais apenas o de Cr $1,20 foi colocado em circulação no dia da abertura da exposição, 14 de abril. Nesse dia, também, os Correios utilizou dois carimbos, feitos especialmente para a data. Num dos cantos do salão, uma banca dos Correios foi armada e os presentes passaram a dirigir-se até ela. Ali os funcionários dos correios vendiam os selos e colocavam os dois carimbos sobre os envelopes comemorativos e o cartão com o brasão do Centenário. Um dos carimbos, de borracha, com data fixa, era retangular e apenas timbrava o envelope, sem contudo ser um carimbo obliterador. O outro, ao contrário, era metálico, redondo, com datas móveis e obliterador, marcava envelope e selo. Coube ao prefeito Emílio Peduti, carimbar o primeiro envelope comemorativo.

Mil folhinhas e quinhentas sobrecartas

Botucatuenses visitam a exposição filatélica.

No primeiro plano o radialista Octacílio Paganini

que, naquele ano, seria candidato a vice-prefeito

na chapa do Dr. José da Silva Coelho

Era preciso preparar materiais para que os selos fossem colados e carimbados. A Comissão organizadora da mostra mandou confeccionar mil folhinhas e mais 500 envelopes de "primeiro Dia", já com os selos e carimbos. Tudo saiu muito rapidamente, entre os mais de 300 participantes da inauguração da mostra e ainda pode ser encontrado entre as inúmeras famílias que aqui continuam a viver.

O projeto dos selos, e o concurso

Antes que tudo isso ocorresse, na cidade de Botucatu, a Comissão Organizadora, liderada por João Passos, chamou aos interessados para que apresentassem seus projetos para a escolha de um selo comemorativo. Apareceram vários projetos. Enquanto os Correios obtinham autorização para emitir um selo comemorativo, coisa que somente veio a ocorrer a 17 de fevereiro do ano do Centenário, por ato do presidente Café Filho, em Botucatu a Comissão entrou a apreciar os trabalhos apresentados. O primeiro lugar coube ao senhor Paulo Martins (foto), que apresentou um projeto bem simples, que incluía o Brasão do Centenário e as datas de elevação a Vila, o ano comemorativo e consagrava para todo o Brasil o slogan de "cidade dos bons ares e boas escolas".

A mostra permaneceu aberta durante toda a semana de 14 a 21 de abril daquele ano. E aqui ficaram os expositores visitantes... até que ao final do período a comissão organizadora apontou os vencedores. Formavam a comissão os senhores Werner Ahrens, Isaac Posvolky e o clínico local Dr. Benedito Canto.

O primeiro prêmio coube ao expositor Harry Bauer que levou a medalha de ouro pelo seu trabalho sobre a Áustria. Levaram a medalha de prata os expositores Walter Wagner, a Sociedade Filatélica Campineira, Joaquim Nunes, Francisco A. de Campos Barros e J. L. de Barros Pimentel. Por fim ficaram com a medalha de bronze Edmundo Araújo de Oliveira, o Clube Filatélico de S. Paulo, o Dr. Ângelo Zioni, Walkiria Bioglio, J. L. de Barros Pimentel, Moisés Garaborosky, José Roberto Canto, Silvio Dardes e Abilinho de Almeida Junior.

No seu boletim de maio de 55, o Clube Filatélico de São Paulo, assim falou da exposição da qual participara: "Aos organizadores do certame de Botucatu cabe a palma de haverem oferecido a leigos e afeiçoados, uma exposição simples mas bem cuidada e de inegável valor propagandístico em prol da Filatelia".


Ângelo Albertini, atual vice presidente do Centro Cultural de Botucatu e diretor do Departamento Filatélico do CCB, estava lá – há quase cinqüenta anos. Era bancário à época e acompanhou a cerimônia de abertura, com o entusiasmo de sempre: "Para uma cidade do interior foi um grande evento. Para Botucatu foi o maior que já se fez em filatelia. Foi um evento único e dado o nível do pessoal que participou dele, dificilmente será superado. Tinha muita gente. Eram mais ou menos 14 horas ou pouco mais que isso, do dia 14 e o salão ficou cheio. Eu queria registrar que estavam também expondo bons Numismatas. Nós tínhamos, expondo, o Abilinho de Almeida e o senhor José Moreira que eram bons e preparados numismatas de Botucatu. Isso é importante porque é sempre uma minoria que se dedica à coleção de moedas. É bom falar disso. É bom dizer, também, que, naquela exposição veio a Botucatu o Werner Ahrens, que é um nome consagrado entre os colecionadores. Veio e fez parte da comissão julgadora".



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