O Desfile: ponto alto do Centenário

Programado para ser o ponto alto das come morações o desfile foi, talvez, a maior festa cívica que a cidade já presenciou. Seu início estava marcado para as 8 horas e trinta minutos. Quase foi assim. Pouco antes disso, a Comissão Executiva dos festejos preparou uma abertura pomposa, com hasteamento dos pavilhões - Nacional e do Estado - seguido de uma rápida entrega das remodelações feitas no Jardim do Bosque.


O Hasteamento das Bandeiras

Essa festividade foi realizada onde, hoje, estão as escadarias da Fonte Luminosa. Ela não existia nessa época e, naquele canto da praça, do outro lado da rua, ficava a Prefeitura (hoje Câmara) e, no lugar onde hoje é a Fonte, ficava um antigo teatro (o Espéria), cujas instalações haviam sido demolidas, após o incêndio do início da década.

Era o segundo Paço Municipal de nossa cidade e, até então, sempre foi o escolhido para cerimônias dessa ordem. Por isso, às 8:30 horas, presentes o prefeito Emílio Peduti e seu vice Adolpho Pinheiro Machado e, também, o presidente da Câmara Pedro Losi, iniciaram-se as festividades.

A Comissão executiva tinha uma surpresa. Convidada para hastear as bandeiras, compareceu uma senhora que, naquele ano iria completar 100 primaveras. Dona Gertrudes Bueno, residente na Rangel Pestana, era a mais antiga moradora da cidade e foi, junto com um de seus seis bisnetos, para a cerimônia.

Diante dos pavilhões e com os acordes da Coorporação Musical Damião Pinheiro Machado, Dona Gertrudes e seu bisneto, participaram daquela cerimônia cheia de reverências para com a cidade.





A Primeira Inauguração do Bosque

Professor João Queiroz Marques, acompanhado
 de seu filho José Sérgio recebe visitantes
de Itapeva nas antigas escadarias do Bosque


 

 

 

Antes de 55 o Bosque não possuía pavimentação em suas alamedas. Algumas delas continuavam tão esburacadas como no início do século XX, quando os últimos sinais da Igreja de Santa Cruz e do Cemitério haviam sido, dali, retirados. Preparando os festejos do Centenário, a Prefeitura programou, também, a inauguração do que chamou "a parte de baixo da Praça João Pessoa" (nome que o Bosque levava, então). Foram colocadas as pedrinhas portuguesas e recoberto, com pedras (as mesmas que hoje ali estão), todo o paredão que dividia o jardim, da Praça Cívica fronteiriça ao Teatro.



Uma placa foi assentada no local, pronta para a inauguração, feita para lembrar aos botucatuenses que, no Centenário da cidade, os cidadãos achavam importante que dele se lembrassem todos, enquanto durasse a vida da cidade.

E assim foi feito, cabendo ao senhor bispo diocesano Dom Henrique Golland Trindade, o descerramento da Placa. Hoje ela não pode ser vista, já que se encontra por detrás das barracas que ocupam o referido paredão. Mas ela está lá.

O Desfile começa

Filhos de médicos botucatuenses desfilam juntos fazendo
renascer o sonho de uma Faculdade de Medicina em Botucatu

Enquanto isso ocorria, as delegações representativas das escolas e cidades já estavam se aglomerando na Praça do Paratodos. Dali o desfile deveria subir pela Amando de Barros, subir a Tonico de Barros, descer pela Dom Lúcio e terminar na Praça Rubião Junior, onde um outro Palanque estava armado e esperando terminar o desfile, para que fosse iniciada a Missa Campal do Centenário.

Por volta das 9 horas, com pouquíssimo atraso, as autoridades chegaram até ao Palanque Oficial, armado num dos cantos da Praça do Bosque. Ainda não existia o prédio da Nossa Caixa e, naquele lugar, um relvado era delimitado por outras alamedas que ligavam a Amando de Barros à parte alta do Jardim.

Antes porém que o desfile começasse, falou o orador oficial da Festa, Dr. Rivaldo Cintra, discorrendo sobre o momento que vivia a cidade e suas perspectivas futuras. A população tomou as calçadas em toda a via pública. Lotou cada centímetro de rua e esperou, pacientemente, pelo início do desfile. E ele veio. E foi fantástico, asseguram os presentes.

Formado por delegações das escolas, quem o abriu foi um conjunto de motocicletas, das antigas, ornamentadas com as flâmulas do Centenário. Imitando-as vieram as bicicletas, dirigidas por ciclistas, portando, também, as flâmulas, presas nos guidões.

Depois disso foi uma sucessão de agremiações, para todos os gostos... Tiro de Guerra de São Manoel, Banda da Força Pública, Grupo de Escoteiros de Botucatu, Escola de Corte e Costura Sagrado Coração, da Vila dos Lavradores, Botucatu Tênis Clube, Liga Estudantina Botucatuense, Banda do Circulo Operário, Empresa Teatral Peduti, Escola de Corte e Costura do Distrito de Pardinho, Bairro Alto Esporte Clube, Tiro de Guerra de Botucatu, Escola Industrial, Sesi, Escola de Formação de Telegrafistas da Estrada de Ferro Sorocabana, Instituto Santa Marcelina e finalmente, o desfile dos alunos do Instituto de Educação dr. Cardoso de Almeida.

Micro ônibus, Cinema e Avião

Os destaques ficaram por conta da atuação, separadamente, de três segmentos da cidade. Sucesso obteve o carro produzido pela Empresa Teatral Peduti, simulando uma projeção cinematográfica e também o Auto de Linha, uma espécie de micro ônibus sobre trilhos, projetado e produzido nas oficinas da Via Permanente.

Ninguém, àquela época, seria capaz de adivinhar que, hoje, Botucatu teria uma das poucas indústrias de aviões do Planeta, mas, já era possível ver, o sonho começar a se desenhar. Mesmo antes do funcionamento da Sociedade Aeronáutica Neiva Ltda., já por aqui se tentava: No desfile, uma empresa local, chamada Omareal, apresentou um aparelho inteiramente reformado em suas oficinas, rodando pela Amando de Barros, saltitando nas irregularidades dos paralelepípedos. Foi um furor, despertou orgulho, naquela pequena cidade desejosa de superar suas dificuldades. Até bem pouco tempo atrás ainda se viam sinais do Neon do luminoso da Omareal, num dos painéis dos altos do "primeiro arranha- céu de Botucatu", o Peabirú.

O desfile chegou ao seu final quase na hora de começar a Missa. Lá na praça da Catedral num palanque, projetado especialmente para as festividades, começavam a chegar, correndo, populares vindos de todas as partes da Amando de Barros.

Tem boi na rua

E nesta, principalmente as crianças, as que não estavam em torno do avião da Omareal, ou do "trenzinho" da EFS, cercavam um curioso cidadão, que desfilara montado num Boi Zebu. Era o Índio Vago, figura folclórica de ex-tropeiro, morador do lugar, curioso e pitoresco. Dele falou o Correio de Botucatu: "Não poderíamos, também, deixar de nos referirmos à pitoresca apresentação que fez um cidadão desfilando montado em um gordo Zebu, enfeitado com a flâmula de Botucatu, amarrada entre os chifres"...




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